Talvez um dos perigos maiores que ameaça nossos filhos seja a falta de preparo que os próprios pais dão para seus filhos para o casamento. Precisamos resgatar o envolvimento dos pais nos relacionamentos românticos de seus filhos. Mas se isso há de acontecer, precisamos começar cedo–não adianta abaixar regras e padrões com seu filho jovem se não preparou o caminho antes, quando tinha 7 ou 8 anos!
Enquanto nos esforçamos muito para preparar nossos filhos para o vestibular, para a carreira e outras atividades importantes da vida, são poucos os pais que realmente se dedicam ao preparo dos seus filhos para o casamento. Este treinamento começa cedo e continua até o dia em que nossa “princesa” (ou príncipe) repete seus votos para seu “príncipe encantado” (ou princesa).
Pais e mães que querem o melhor para seus filhos devem se preocupar em ensiná-los habilidades essenciais para o bom funcionamento do lar. Tanto homens quanto mulheres devem ter noções básicas de como cozinhar, costurar, lavar roupa, organizar seu dia, cuidar das contas bancárias, fazer consertos simples em casa e no carro e tomar decisões financeiras. Todo pai digno do nome quer que seu filho seja mais bem-sucedido que ele.
Mas se esse é o caso com habilidades materiais, quanto mais com habilidades morais! Precisamos fazer tudo possível, usando toda arma no nosso arsenal paterno, para proteger e preparar nossos filhos para pureza moral e um casamento feliz.
Sugerimos algumas idéias para pais que querem assumir seu papel bíblico como guardiões do coração dos seus filhos. Somos chamados para protegê-los, mas também prepará-los para a instituição mais sagrada e digna na face da terra–o casamento.
A Chave do Coração
Nestes dias em que parece quase impossível vencer a luta contra sensualidade, pais cristãos precisam tomar providências e serem pró-ativos (e não somente reativos) diante de uma cultura altamente sensual. O coração é a fonte de vida (Pv. 4:23) e os pais têm a responsabilidade de proteger a pureza e inocência de seus filhos.
Num momento oportuno, os pais devem sair com sua filha para uma noite especial só os três. Depois da refeição entregam um presente para ela–um colar com um coração pendurado. O pai deve explicar que o coração representa o coração da filha, que deve ser protegido a qualquer custo, e que Deus chamou o pai para ajudar nesta tarefa. O alvo é que ela chegue no dia do casamento como um “jardim fechado” (Ct. 4:12). Por isso, o pai guardará consigo a chave, representando a pureza moral da filha.
A chave poderá ser entregue ao noivo como parte da cerimônia de casamento. Nesta altura, quando o pai tradicionalmente entrega a noiva para o noivo, o pai também deve entregar a chave para ele. A chave serve como testemunho simbólico de que ela foi guardada pura para o noivo, e que daqui em diante, ele será o protetor do coração da esposa.
“A chave do coração” serve como símbolo sempre presente na vida da moça na sua juventude do seu compromisso com os pais e com Deus. Não é um amuleto que garante sua pureza, mas certamente será um passo na direção certa.
O Baú do Tesouro
Essa ideia é a versão masculina da “Chave do Coração”. Os pais (ou, se for necessário, somente o pai ou a mãe) devem sair com seu filho para uma atividade especial. Parte da conversa deve voltar-se para a importância de pureza moral e a proteção do coração do jovem (Provérbios 7). Ao terminar a conversa, os pais entregam um baú rústico e pequeno com fecho apropriado para colocar um cadeado. Dentro há um pingente de ouro no formato de um coração. O coração representa o coração do filho, que será guardado puro até o casamento. O filho junto com seus pais devem fechar o baú com cadeado. Os pais guardarão a chave, e o filho guarda o baú num ponto de destaque em seu quarto para servir de lembrança de seu compromisso diante de Deus e dos pais.
Assim como na idéia anterior, esse “memorial” também poderá fazer parte da cerimônia de casamento. O coração poderá ser entregue à noiva pelo noivo, assim demonstrando o coração puro guardado para ela.
Encontros Individuais
No preparo de um filho para o casamento, nada substitui tempos individuais com os pais para “abrir o jogo” sobre namoro, noivado, sexo e casamento. Não se pode (nem deve) abrir forçosamente uma janela no coração do seu filho, mas pode-se criar ambientes propícios para que ele mesmo abra a janela. Uma ótima oportunidade para fazer isso é através de encontros individuais e regulares com seus filhos.
Na nossa família faço isso através de encontros particulares para café da manhã. Periodicamente saio com cada filho individualmente para tomarmos café e conversarmos. Aproveito para encorajar individualmente a criança, falando o quanto a valorizamos e quanto significa para nossa família. Conversamos sobre assuntos de interesse para aquele filho, e muitas vezes isso nos leva para conversas mais sérias sobre seu relacionamento com Deus, com os irmãos, e com membros do sexo oposto.
O pai pode fazer um estudo sobre princípios de namoro com seu pré-adolescente antes do interesse dele ser despertado pelo sexo oposto. Os dois conversam sobre princípios, cautelas, o plano de Deus no casamento, etc. É bom que o pai chegue antes do “mundo” porque então a conversa é mais aberta e o filho recebe o conselho melhor. Quando for namorar, já tem o conselho do pai bem fixado na mente.
Pacto Familiar de Namoro
Antes dos filhos chegarem à idade de interesse sério no sexo oposto, os pais podem estabelecer um “pacto familiar de namoro” que estipula as expectativas, os padrões, os pré-requisitos, etc. no namoro. É importante que tanto pais quanto filhos concordem sobre os padrões a serem estabelecidos, pois servirá como base de cobrança e entendimento mútuo entre todos mais tarde.
O pacto pode ser elaborado pelos pais e filho juntos. Numa ocasião especial (por exemplo, uma saída dos pais com o filho) podem conversar sobre o pacto e depois “ratificá-lo”. De vez em quando seria bom revisar o pacto para mantê-lo vivo na memória de todos.
Listas de Qualidades
Recomenda-se que cada jovem, antes de se interessar por um membro do sexo oposto, desenvolva uma lista de qualidades desejáveis no futuro cônjuge. Esta lista pode conter tantos ítens que você desejar, mas deve ficar claro na sua mente quais são absolutamente necessários e quais são opcionais. Podem ser qualidades “espirituais”, pessoais, e físicas. A lista ajuda a pessoa a “peneirar os candidatos”, assim evitando erros de juízo quando as emoções começam a surgir. A lista deve ser motivo de oração (Sl. 37:3-5) tanto do jovem quanto dos pais.
Uma cautela: não faça somente uma lista das qualidades que você deseja receber (para seu futuro cônjuge), mas outra que você deseja ser. Esta segunda lista deve incluir as qualidades de caráter que você mesmo quer desenvolver em sua vida para ser o melhor marido (esposa) possível.
Estágio dos Noivos
Talvez pareça uma idéia reservada para uma utopia, mas seria muito saudável resgatarmos uma idéia que era comum não muito tempo atrás, quando casamentos aconteciam entre duas pessoas que conheciam muito bem a família do outro. O “estágio dos noivos” segue o princípio de que o casamento une não somente duas pessoas, mas duas famílias, e que quanto melhor os noivos conhecem a família do outro, menos problemas terão no casamento.
Despedida dos Filhos
Quando um dos filhos estiver saindo de casa pela primeira vez por motivo de estudo, trabalho ou outro, planejem uma série de refeições especiais, preparadas pelos diferentes membros da família, incluindo os pratos prediletos do homenageado. Na ocasião, deve haver oportunidade para encorajamento e desafio, e também para entrega de lembranças.
*Artigo extraído e adaptado do livro 101 Idéias Criativas para a Família (Hagnos, 2002).