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Os verdadeiros heróis bíblicos

Você sabia que a Bíblia é cheia de heróis? ?? No vídeo de hoje, conheça melhor a história de Barnabé e veja os elementos que nos fazem concluir que ele é de fato um herói!

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Texto: At 11.19-24

Um coração que se doa à obra

Barnabé surge na narrativa bíblica da forma com que desaparece, sem alárdios, despretensiosamente. Mas de onde este personagem bíblico tão intrigante saiu? Bem, a primeira menção que se tem acerca de Barnabé se encontra numa passagem muito curta, de apenas dois versículos, mas que é usada como um poderoso paradigma para um princípio bíblico importante, presente ainda nos dias atuais.

Lucas vinha tratando de como vivia a primeira comunidade cristã. As características desta comunidade estão presentes em:

At 4.32-35 Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. 33 Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. 34 Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes 35 e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade.

Dentre as várias características presentes neste texto, uma é fundamental, havia amor entre os irmãos. As pessoas queriam ver o bem da igreja e faziam tudo o possível para promover este bem, inclusive, vendendo suas propriedades. É neste contexto que surge a pessoa de Barnabé, após descrever a maneira como a igreja vivia e todo o amor e comunhão que a caracterizava, Lucas cita a pessoa de Barnabé, como um exemplo vivo de como tudo aquilo acontecia.

Barnabé era um homem que possuía o coração na obra, um homem que amava a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.  Com o exemplo de Lucas, nós podemos distinguir que:

1 – O coração e a alma de Barnabé estavam na obra de Deus (At 4.32a)

2 – Os bens materiais que Barnabé possuía estavam à disposição do Senhor, para a expansão do seu Reino e a manifestação da sua glória.

3 – Barnabé era um homem sensível as necessidades dos seus irmãos, e fazia tudo o que estava ao seu alcance para auxiliá-los e para promover o bem comum: “Havia um desejo de que as necessidades fossem supridas” At 4.35a

Provavelmente fora com base nestas características de Barnabé que Lucas tenha lhe escolhido como um exemplo que representava a igreja da época.

Tais atitudes de Barnabé chamaram tanto a atenção dos apóstolos que estes mudaram o nome do mesmo: José, a quem os apóstolos deram o nome de Barnabé, que dizer filho de exortação. No entanto, uma melhor tradução seria “FILHO DE ENCORAJAMENTO”.

É interessante notar que para o judeu, o nome representava características do caráter, o nome servia como uma espécie de identidade do homem. Em outras palavras, seria o que efetivamente ele era! Isto prova que Barnabé era um construtor de pontes, alguém a quem Deus usava para solucionar questões difíceis, ou para garimpar nas pessoas as características que as mesmas possuíam e, que poderiam ser usadas para a maior glória de Deus.

Barnabé encorajava as pessoas a ser o que elas nasceram para ser. Instrumentos para a glória de Deus

E mais interessante ainda é notar que Barnabé fazia isto naturalmente, perceba: At 4.37

1 – Ele era um levita: os levitas não possuíram herança do Senhor. Logo, a propriedade de Barnabé deve ter lhe custado muito, ou mesmo fora herdada como um dote ou coisa do tipo. Ele não teria motivos para se desfazer da mesma, mas se desfez.

2 – Ele era natural do Chipre, uma ilha do Mediterrâneo que fica distante de Jerusalém, ele poderia ter conservado sua propriedade na surdina, e poucas pessoas saberiam, mas ele preferiu vendê-la.

                Por quê? Por que ele possuía um coração missionário, ele possuía um coração que estava na obra. É por isso que Lucas o escolhe como um exemplo de como era “o coração e a alma dos discípulos”.

Barnabé era uma pessoa que abria portas

A traumática conversão de Saulo.

Saulo, como até então o apóstolo Paulo era conhecido, era o principal perseguidor da igreja. Um homem terrível, temido por todos os judeus. Paulo cometeu tantas maldades contra a igreja, e era um homem tão vil, que em dado momento de sua vida, já estando na presença do Senhor e servindo-o na obra, o mesmo disse:

I Co 15.9 Por que eu sou o menor de todos os apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus.

At 26.9-11 Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno; 10 e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam. 11 Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia.

Saulo era tão terrível que mesmo após sua conversão, sendo esta ratificada por Deus, as pessoas ainda o temiam:

At 9.13-15a Ananias, porém, respondeu: Senhor, de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; 14 e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome. 15 Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido.

                O fato é que após a chegada de Saulo a Jerusalém, ninguém queria ter contato com ele. Nem mesmo os apóstolos. Todos achavam que a conversão de Saulo não era genuína, as pessoas o temiam, não queriam contato.

At 9.26 Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo.

E olha que três anos haviam se passado desde a conversão de Saulo (Gl 1.18), durante todo este período as pessoas não ouviam falar do mesmo, mas, ainda assim, o temiam. Quem sabe o próprio Saulo achasse, a esta altura, que para ele não havia mais esperança, que não restaria qualquer possibilidade de comunhão com os irmãos que agora ele amava, mas que não confiavam nele.      É justamente neste ponto que surge Barnabé: uma pessoa que construía pontes, alguém que abria portas:

At 9.27 Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus.

Você tem ideia de quanto Barnabé arriscou para associar-se com Saulo? E se as suspeitas dos discípulos estivessem corretas? E se ele fosse mesmo um espião? Por que será que Barnabé confiou em Saulo a ponto de “tomá-lo consigo”? Porque ele via o que ninguém mais vê! Possibilidades!

Enquanto todos os demais viam apenas um vil perseguidor, Barnabé via um jovem zeloso e arrependido que se só precisava de uma segunda chance! Como nós precisamos nos dias atuais, destes “Filhos da Consolação”.

Barnabé era uma pessoa que promovia talentos, que garimpava vocações

Fora com muito esforço e desconfiança que a igreja de Jerusalém recebera a Saulo. Em pouco tempo ele já “estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo”. Acontece que os judeus ficaram ressentidos pelo fato de Saulo ter mudado de partido e procuravam ocasião para matá-lo.

Não obstante, os demais irmãos, que não estavam com Barnabé e os apóstolos quando estes aceitaram a Saulo, ainda o temiam muito. Por causa disso, os apóstolos acharam por bem enviar a Saulo para Tarso, sua terra natal, até que “a poeira baixasse”. E Saulo, desta forma, teve que amargar dez longos anos no ostracismo (Gl 2.1).

                Neste ínterim, os que foram dispersos de Jerusalém, por causa da perseguição que sobreveio a Estevão, chegaram até a Síria, um país vivzinho a Israel, e estando lá, na cidade de Antioquia, experimentaram um crescimento assombroso. At 11.19-21

As conversões foram tantas, e a igreja crescia tão saudável (em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez chamados de Cristãos), que a igreja mãe de Jerusalém teve que enviar um representante para averiguar a “natureza” daquelas conversões. Ora, a pessoa escolhida fora ninguém menos que Barnabé. Chegando lá, ele não apenas percebeu que tudo era obra do Espírito Santo, mas “alegrou-se muito e os exortou a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor” At 11.23

                Surgia em cena um personagem peculiar!

Quando finalmente compreendeu tudo o que Deus estava fazendo em Antioquia, a primeira coisa que Barnabé percebeu, fora que aquela igreja precisa de um pastor diferenciado. Alguém que conhecesse bem judeus e gentios, e que conseguisse caminhar com desenvoltura pelos corredores do saber humano. Ora, como não poderia ser diferente, surgiu de maneira cristalina na mente de Barnabé, um nome há muito esquecido, Saulo.

Surgia em cena aquele que seria o maior teólogo de todos os tempos, o maior missionário, e o maior plantador de igreja que o mundo já viu. Só que quando nem ele mesmo se dava conta disso, Barnabé já antecipava tudo. Que homem de Deus!

Barnabé era uma pessoa que não se preocupava em ser visto em segundo plano

                Após a chegada de Saulo. Anunciou-se que uma grande fome viria sobre todo o mundo At 11.27-29 (Ano 49). Para auxiliar a igreja da Judéia, os irmãos de Antioquia levantaram uma oferta e a enviaram por mãos de Barnabé e de Saulo (At 11.30). Chegando a Jerusalém, eles ficaram hospedados na casa da Tia de Barnabé, Maria. Uma mulher muito próspera que morava numa casa grande em Jerusalém, tão grande que na sala de sua casa, a igreja se reunia.

At 12.12 Considerando ele a sua situação, resolveu ir à casa de Maria, mãe de João, cognominado Marcos, onde muitas pessoas estavam congregadas e oravam.

                Cumprida sua missão, voltaram de Jerusalém, levando consigo o primo de Barnabé, um jovem chamado Marcos. Ao retornarem a Antioquia, eles naturalmente reassumiram seus afazeres, conforme Lucas nos diz:

At 13.1 Havia na igreja de Antioquia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, por sobrenome Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes, o tetrarca, e Saulo.

Que nome nós temos em evidência? Segundo o relato de Lucas, quem possuía proeminência naquela igreja? Barnabé!

E o próprio relato nos deixa isso bastante claro:

At 13.2 E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado.

At 13.7b Este, tendo chamado Barnabé e Saulo, diligenciava para ouvir a palavra de Deus.

Acontece que após tudo o que ocorreu no Chipre (terra natal de Barnabé), a ordem dos fatores na narrativa se inverte. A partir de então a ordem deixa de ser Barnabé e Paulo (como ele passou a ser chamado) e passou a ser Paulo e Barnabé.

Este poderia ter sido o estopim de uma crise terrível, algo que faria com que estes homens nunca mais trabalhassem juntos. Mas não foi isso que aconteceu. Por quê? Por que Barnabé era uma pessoa que não se preocupava em ser visto em segundo plano. Barnabé, ao contrário do que ocorre nos dias atuais, não estava à procura de evidência, ou de glória humana. Em nenhum momento Lucas nos deixa transparecer que aquela mudança afetasse Barnabé de alguma forma. Que coração de servo aquele homem possuía!

“Aquele que não serve para ser servo, não serve para servir!”

Barnabé sabia distinguir o que era servir e o que era ser subserviente

                Pouco antes de Paulo assumir de vez a liderança da equipe, Lucas nos diz que o jovem Marcos, “apartando-se deles, voltou para Jerusalém” (At 13.13). Lucas não nos diz o que realmente aconteceu na Panfília, região onde eles se encontravam quando Marcos declinou da viagem e voltou.

                Nós não podemos afirmar ao certo o que de fato aconteceu, apenas sabemos que o garoto voltou. Mas não para Antioquia, e sim para Jerusalém, para casa, para os braços da sua mãe.

Cerca de dois anos após este episódio, Paulo procurou a Barnabé para uma segunda viagem, agora com o objetivo de visitar os irmãos das igrejas recém inauguradas (At 15.36). Como era de se esperar, Barnabé queria conceder uma segunda chance a Marcos (assim como um dia ele fez com Paulo, lembra?)

Só que Paulo, que já fora alvo dessa benesse de Barnabé, não via com bons olhos essa nova oportunidade.

É bom ver que homens brilhantes como Paulo também erravam, de modo que isto faz com que os nossos olhos estejam sempre no Senhor, que não erra!

Eu quero acreditar, que mesmo por trás desta aparente desavença, o Espírito Santo de Deus estava trabalhando. Agora, nós não tínhamos apenas uma caravana missionária, mais duas. Mas o que eu quero destacar neste ponto é: o que fez com que Barnabé renunciasse a uma viagem missionária com um homem do calibre de Paulo, para permanecer ao lado de um garoto inseguro como Marcos?

A certeza de estar fazendo a coisa certa, ainda que aos olhos humanos aquilo parecesse uma grande loucura!

Em outras palavras: Barnabé não era alguém que tinha medo de “se queimar”. E esta era a segunda vez que ele provava isso!

                E quanto a Marcos?

Você consegue imaginar como Marcos ficou quando Barnabé disse para ele que havia aberto mão de viajar com Paulo para viajar com ele?

Verdadeiramente, o grande propósito de Deus na vida daquele homem que preferiu viver nos bastidores, fora torná-lo “o filho da consolação”, o poderoso descobridor de talentos da igreja primitiva. Barnabé fora um homem que preferiu esconder o seu talento atrás de homens que até então não sabiam tudo o que tinham, e que precisavam de alguém que carregasse as suas malas, até que isso se tornasse claro.

Na vida de Barnabé, se cumpre a palavra que diz: Mt 20.26 Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva.

Barnabé é um bom exemplo de um homem que era muito grande! Mas, afinal de contas, quais frutos Barnabé colheu de tudo isso?

Os heróis que ninguém vê

Paulo dispensa comentários:

1 – Tornou-se um pastor poderoso, na minha opinião o mais influente teólogo de todos os tempos.

2 – Plantou igrejas em todas as províncias romanas, de Jerusalém ao Ilírico (antigos Balcãs Europeus)

3 – Escreveu 50% de todo o Novo Testamento, e a exceção do Senhor Jesus, talvez seja o personagem mais conhecido de todo o Novo Testamento.

4 – Gozou de um ministério digno em todos os sentidos, e fora abençoado por Deus com uma morte tão honrada que inspira jovens pastores até dos dias atuais.

Os nomes de Barnabé e Marcos simplesmente não são mais mencionados no livro de Atos.

A certeza que temos é de que Barnabé esteve investindo muito tempo na vida deste garoto, até que finalmente sua missão com ele chegou ao fim. Cerca de doze anos após este episódio – desentendimento de Paulo e Barnabé por causa de Marcos –, estando Paulo preso em Roma, escrevendo a igreja de Colossos, ele disse assim:

Cl 4.10 Saúda-vos Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de Barnabé (sobre quem recebestes instruções; se ele for ter convosco, acolhei-o)

Ora, porque é que Paulo está citando Marcos em uma de suas cartas? E mais, porque é que ele está pedindo a uma das igrejas que acolham a Marcos caso ele apareça?

O mesmo Paulo nos oferece resposta a tudo isso, quando estava no corredor da morte, escrevendo a sua última carta:

II Tm 4.11 Toma contigo a Marcos, pois me é útil para o ministério.

Qual o poder de uma afirmação como esta? Ora, há um tributo a Marcos aqui, é verdade. Por que ele teve coragem de recomeçar. Há um tributo a Paulo, que percebeu que o seu orgulho pode ter falado mais alto naquela oportunidade, e, agora, reconhecia humildemente a importância de Marcos, para ele e para a igreja.

Mas, sem sombra de dúvida, o maior tributo é para Barnabé, que imperceptível a maioria das pessoas que leem todos os dias estes textos, fora fundamental para que tudo isso ocorresse.