“És indesculpável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas, pois praticas as próprias coisas que condenas.”
(Romanos 2.1)
Ser criado num lar cristão constitui um dos maiores privilégios que o ser humano pode experimentar. Conhecer a Cristo cedo na vida, ficar cercado por pessoas que amam a Deus e nos amam, aprender as Escrituras desde cedo—são presentes preciosos de valor inestimável.
Mas, para muitos de nós, também existem perigos. Eu abracei Jesus como meu Salvador antes dos 7 anos de idade. Não fui salvo de uma vida de violência, perversão sexual, ou vícios. Só que, mais tarde na minha vida com Cristo, ficou difícil compreender o fato de que eu também era miserável pecador. Por isso, às vezes a vida cristã parecia monótona e cansativa.
A salvação deve ser conhecida e vivida
Pode ser que não conseguimos voltar ao “primeiro amor” porque nunca tivemos um “primeiro amor”! Encontramos a salvação, sim. Mas falta-nos a paixão da vida abundante em Cristo. A chave está no conhecimento do meu coração e suas reais necessidades, para depois apreciar a obra de Cristo por mim.
No livro de Romanos, Paulo faz questão de mostrar que todos pecaram e carecem da glória de Deus (Romanos 3.23). “Todos nós somos miseráveis pecadores, e continuamos lutando contra nossa natureza pecaminosa mesmo depois de salvos.” (Romanos 7.24)
Paulo aponta ao fato de que nossa crítica e condenação dos “pecadores” ao nosso redor já constitui uma condenação da miséria do nosso coração:
És indesculpável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas, pois praticas as próprias coisas que condenas…Tu, ó homem, que condenas aos que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus?…tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu que pregas que não se deve furtar, furtas? Dizes que não se deve cometer adultério, e o cometes? Abominas os ídolos, e lhes roubas os templos? (Romanos 2.1,3, 21,22).
Minha esposa gosta de contar a história que ilustra o fato de que todos, inclusive as pessoas “boas” que vêm de um lar “moral”, são mortos em seus delitos e pecados sem Cristo (Efésios 2.1-4). Um cadáver congelado no Alasca é tão morto como um cadáver exposto ao sol amazônico, mesmo que um feda mais que o outro. “Morto” é “morto”.
Pecadores que condenam outros pecadores
O problema é que muitos de nós criados em lares “morais” ou “cristãos” não reconhecemos a seriedade da nossa situação quando éramos “sem Cristo”, e mesmo agora como cristãos. Afinal de contas, não éramos tão ruins como as outras pessoas. Mas o padrão de avaliação divina não é externa, mas interna; não horizontal, mas vertical; não baseado em comparação com aqueles ao meu redor, mas na realidade do meu coração.
Quando não sinto fome e sede de Deus e Sua Palavra; quando o culto é uma canseira; quando minha vida cristã parece rotineira e monótona; quando só pratico as “disciplinas” da vida cristã por dever e não por devoção, algo está errado. Minha vida espiritual está doente!
A vida devocional não deve virar rotina
Existe uma boa probabilidade de que o problema principal é a falta de conhecimento da necessidade do meu coração. Mesmo como um salvo em Cristo Jesus, se eu não viver ciente da profunda carência do meu coração, dificilmente experimentarei a alegria profunda da obra de Cristo na cruz por mim. Se eu não permanecer naquele ponto de tensão santa entre o quebrantamento pelo meu pecado e a exultação pela obra de Cristo, dificilmente encontrarei a paixão do primeiro amor por Ele.
A chave está em reconhecer que sou tão pecado como qualquer outro, capaz de cometer qualquer pecado que outros cometem, mas que fui resgatado pelo sangue de Jesus. Só assim é que podemos começar a apreciar a infinita misericórdia e graça de Deus derramada sobre mim em Cristo.
O conhecimento da miséria do meu coração é o primeiro passo para a Salvação e santificação!