Maridão? | Vida a Dois

Jeremy Glick foi um homem de verdade.  Tudo indica que ele e mais dois passageiros do seu vôo de Newark para Los Angeles no dia 11 de setembro impediram que os sequestradores daquele avião causassem um desastre como acontecera em Nova Iorque e Washington.  Numa ligação por telefone celular durante o sequestro, Glick deixou instruções para Lyzbeth sobre como cuidar do resto da vida dela e da sua filhinha de 3 meses.  Explicou que ele e os outros 2 iriam pôr fim ao projeto sinistro, sabendo que iriam morrer.  O resto da história só Deus sabe.   Jeremy Glick morreu como um homem de verdade. 

Enquanto Glick morreu como herói, Deus dá uma tarefa ainda maior para cada homem: não somente morrer por suas amadas, mas viver por elas.  

Nosso mundo define o homem “macho” pelo cigarro que fuma, pelas mulheres que conquistou, pelo “bravado” com que resiste autoridades e afirma sua “masculinidade”.  Mas Deus tem uma outra definição do varão verdadeiro.   O homem de verdade dá sua vida dia após dia pelos outros. 

Nessa pequena série de estudos sobre “Relacionamentos Saudáveis no Lar Cristão” verificamos o papel da mulher no lar, examinando a pintura que chamamos de “Mona Sub-misa”.  Hoje entramos na galeria do lar para examinar uma escultura . . . a estátua de um homem verdadeiramente macho que AMA a sua esposa e sua família. 

Homens (maridos) amai as vossas esposas

Por quê Deus deu essa ordem para os homens?  Talvez pela mesma razão que destinou a palavra “submissão” para as mulheres.  Sabia que homens têm uma grande luta na área de auto-sacrifício e auto-negação.  Gênesis 3:16 declarou para a primeira dama, Eva, que um dos resultados da queda seria que “ele (o marido) governará sobre ti”.  Desde então, a tendência masculina tem sido de pisar, esmagar, oprimir e dominar, não amar sua esposa. 

O texto de Cl 3:19 descreve, através de contraste, o que o verdadeiro homem faz em relação à sua esposa, e também como não deve tratá-la.  Deus, não os produtores da Globo ou Hollywood, define o que é um homem de verdade.  A palavra chave é:  AMOR. 

Primeiro, seria bom fazer três observações semelhantes ao que dissemos sobre a submissão da mulher. 

  1. O amor bíblico deve ser oferevido pelo marido, não exigido pela esposa
  2. O amor bíblico do marido é uma ordem, não uma opção 
  3. O amor bíblico exige uma obra sobrenatural do Espírito Santo, produzindo a vida de Cristo no marido (Ef 5:18-21). 

A escultura do homem que ama necessita  algumas batidas da talhadeira divina, cada uma esculpindo um pouco mais a masculinidade genuina. 

O amor bíblico do marido segue o PADRÃO do sacrifício de Cristo

Efésios 5:25 diz, “Maridos, amai vossas mulheres, COMO TAMBÉM Cristo amou a igreja, e a si  mesmo se entregou por ela”.  Exatamente qual foi o padrão do amor de Cristo?  Sabemos que foi sacrificial e serviçal.  Mas precisamos parar para refletir nas implicações sérias desse mandamento.  Será que eu como homem abro mão de confortos e privilégios ou insisto em ser servido?  O verbo “amar” implica em DAR e sacrificar-se a si mesmo para promover o bem-estar do outro. 

Um bom teste para qualquer líder de família seria substituir a palavra “homem” no lugar de “amor” no texto clássico sobre amor bíblico em 1 Coríntios 13. 

O homem é paciente; o homem é benigno, o homem não arde em ciúmes, o homem não se ufana, não se ensoberbece; o homem não se conduz inconvenientemente; o homem não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; o homem não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; o homem tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor bíblico do marido implica na PURIFICAÇÃO da esposa

Efésios 5:26,27 diz que o padrão de sacrifício de Cristo foi com o propósito de purificar a igreja, e que o homem tem o mesmo dever no lar:

para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem cousa semelhante, porém santa e sem defeito”
( 1
Pe 3:7b e 1 Co 14:35)

Como “purificar” a esposa e a família?  A resposta está numa liderança espiritual masculina que proporciona crescimento espiritual a todos.  Liderança espiritual no lar  não significa que o homem tem que fazer tudo.  Certamente há espaço para delegação de autoridade.  Mas  raros são os homens que pastoreiam suas famílias, que preocupam-se com a purificação delas.  Purificação vem pela liderança masculina que proporciona crescimento espiritual para a família! 

A escultura de um homem de verdade leva-o a proporcionar crescimento espiritual em seu lar: 

  • Orando com a esposa 
  • Liderando um tempo devocional (culto doméstico) 
  • Encorajando crescimento espiritual 
  • Verificando que o entretenimento e lazer da família são saudáveis 

O amor bíblico do marido exige a PROTEÇÃO da esposa

Efésios 5:28 diz “Assim também os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios corpos”.  1 Pedro 3:7 acrescenta—Maridos, vós igualmente vivei a vida comum do lar, com discernimento; e tendo consideração para com a vossa mulher, como parte mais frágil, tratai-a com dignidade . . . “ 

Como que o homem cuida do seu  corpo?  Providenciando suas necessidades e seus desejos;  alimentando-o, exercitando-o, descansando-o.  Até os mínimos movimentos do corpo, desde o piscar de olho, são para protegê-lo.  Homens, ao contrário à opinião popular, são muito cuidadosos com seus próprios corpos.    Deus espera que o varão verdadeiro faça a mesma coisa com as necessidades de sua esposa.  Mas como protegê-la? 

  • não demandando mais e mais dela, sugando a vida dela, exigindo sacrifício . . . 
  • preocupando-se com os mínimos detalhes de seu bem-estar 
  • não colocando sobre seus ombros todo o peso de: 
  • dinheiro 
  • decisões difíceis 
  •  disciplina dos filhos 
  • discipulado dos filhos 

O homem passivo não toma iniciativa para proteger sua família.  Não vive a “vida comum do lar”, mas se mantém distante, frio, alheio à vida e às necessidades de cada um. 

Amor bíblico do marido implica na PRESENÇA integral do homem no lar

Um problema sério para muitos homens (e cada vez mais mulheres) é que a realização profissional tira o homem do lar, seduzindo-o pela possibilidade de posição, posses e poder.  Mas Deus chama o homem de volta para o lar, não para ser negligente para com sua responsabilidade de ganhar o pão de cada dia, mas para manter equilibrio entre a profissão, o ministério e o lar. 

Quando Pedro chama os homens para “Viver a vida comum do lar” o termo que usa traz a idéia de co-habitar, fazer presença (não marcar presença!), e participar das atividades do lar.  A Nova Versão Internacional diz, “Sejam sábios no convívio com suas mulheres”.  Em outras palavras, participar da vida do lar caracteriza um homem de verdade. 

Infelizmente muitos homens acham que uma vez que cuidam das necessidades básicas do lar (provisão de alimento e casa; proteção contra perigos) cumpriram seu dever.  Mas Deus os chama um passo além: para conhecer as necessidades e as atividades de cada um, e ser sensível e sábio no cuidar de todos.  Isso implica em viver pelo bem-estar dos outros, custe o que custar para ele mesmo. 

Jeremy Glick foi um herói, um homem de verdade, pois deu sua vida para proteger muitas outras pessoas.  Mas maiores heróis são aqueles homens que entregam suas vidas dia após dia sobre o altar do bem-estar de suas famílias.  Seguem o padrão de auto-sacrificio de Cristo na purificação de suas famílias.  Procuram proteger todos pela sua presença integral com a família.   Não somente estão dispostos a morrer pelas suas famílias, mas viver por elas também.