No primeiro estudo sobre relacionamentos saudáveis no lar, preparamos a tela para a pintura de um retrato de uma mulher cujo valor é inestimável diante de Deus. Assim como a famosa pintura da “Mona Lisa” de Leonardo da Vince, essa mulher possui um ar misterioso criado pelo Artista divino. Deus a retrata como alguém com espírito manso e tranqüilo, mas que faz uma contribuição singular ao lar cristão. Tendo preparado a tela com o ensino bíblico sobre o que a submissão da mulher NÃO significa, voltemos para ver esses toques leves e equilibrados com que o Artista pintou o quadro daquela que podemos chamar nossa “Mona Sub-misa”. Vejamos, então, o que a submissão feminina significa.
Submissão se oferece pela mulher ao próprio marido
Colossenses 3:18 e Efésios 5:22 falam diretamente às esposas. Infelizmente, muitos homens têm interpretado o texto como se fosse a responsabilidade deles manter suas esposas “na linha”. Mas Deus chama as mulheres para sua responsabilidade de “alinhar-se” debaixo da liderança de seus próprios maridos.
Seria um contra-senso falar de “submissão exigida” pelo marido, e não submissão oferecida a ele pela mulher–tão ridículo como a pessoa que fala “Exijo que você me ame espontaneamente!” Submissão é uma obra do Espírito Santo no coração da mulher. É uma questão entre a mulher e seu Deus, ou seja, alinhamento vertical com Deus, que resulta num alinhamento debaixo da liderança do marido.
Não adianta o homem insistir em submissão. Cabe a ele orar para que Deus transforme o coração de sua esposa. Semelhantemente, a mulher com marido que fica pressionando-a para “submeter-se” a ele precisa primeiro avaliar o coração dela diante de Deus, depois procurar ser a mulher de espírito manso e tranqüilo (1 Pe 3:1-6), e finalmente orar pelo marido.
Submissão da esposa é uma ordem, não uma opção
Mesmo sendo algo oferecido ao marido pela mulher, o ensino bíblico nos lembra de que submissão é uma ordem. Essa, a segunda pincelada do Artista no retrato da mulher submissa, deixa claro que submissão é primariamente e principalmente uma questão entre a mulher e Deus. A ordem está no tempo presente, ou seja, deve ser contínua e não ocasional. Deus não necessariamente chama a mulher para entender o plano divino, mas, sim, obedecê-lo. Podemos afirmar que há grande perigo para a família que rejeita a receita divina para relacionamentos saudáveis no lar.
Alguns afirmam, nesses dias pós-modernos de relativismo, que tal ordem foi uma acomodação à cultura daquela época. Infelizmente, esse argumento não tem base. O ensino bíblico quanto ao papel da mulher é unânime, trans-cultural e trans-temporal: desde a criação, depois da queda, antes e depois da Lei, antes e depois da Cruz de Cristo. Paulo e Jesus não eram machistas como muitos alegram; muito pelo contrário. Os dois eram radicais extremistas em termos da liberdade e atenção oferecidas às mulheres numa cultura altamente préconceituada. Protegeram e elevaram o “estatus” das mulheres através do seu ensino sobre a santidade do casamento, a preservação da dignidade sexual da mulher, e sua igualdade com o homem relativo à posição em Cristo.
Submissão significa alinhar-se debaixo do marido
O terceiro “toque” do Artista define a submissão. Podemos afirmar que o significado do termo hoje NÃO deriva–se da ideia de uma “missão inferior” (“sub”- missão), como se a tarefa dela fosse menos importante que a do homem. Também não concordamos com aquele que definiu submissão como “a arte de saber quando abaixar para que Deus possa bater em seu marido!” O verbo grego traduzido como “submissão” traz a ideia de “colocar-se em ordem debaixo”. É a ideia de alinhar-se debaixo da liderança do marido, para o bom funcionamento do lar. Isso não é por causa de uma suposta inferioridade, mas pelo fato de que não poder have dois chefes no lar. De novo, isso não significa autonomia masculina no lar, só que, na última análise, a responsabilidade de liderar recai sobre o homem. A responsabilidade é dele, a culpa será dele, e a mulher fica protegida quando ela segue a liderança dele.
Mais uma vez podemos entender isso pela ilustração da dobradiça de uma porta. Para a porta revolver-se eficientemente, alguém precisa alinhar e encaixar todos os anéis da dobradiça, um em baixo do outro. Todos os anéis são feitos do mesmo material, com a mesma força. Não é uma questão de inferioridade mas de funcionamento equilibrado. Para a porta da família funcionar bem, todas as dobradiças precisam ficar alinhadas, “no eixo”.
Para isso, o homem precisa assumir seu lugar como líder, delegando mas não abnegando sua responsabilidade. A mulher precisa andar em conjunto com o marido, seguindo-o e complementando-o desde que esse não exija que ela desobedeça padrões divinos. Jovens precisam tomar muito cuidado para não casarem-se com alguém com que não poderá “alinhar-se”eficientemente, ou seja, num jugo desigual que cria uma “porta torta” e uma dobradiça barulhenta.
Submissão bíblica significa respeitar ao marido
Dissemos que o termo “submissão” significa “alinhar-se debaixo do marido”. Mas alinhar-se debaixo de outra pessoa forçosamente, sem o devido respeito, iguala-se à opressão na melhor das hipóteses e prostituição na pior. Como sempre, Deus está mais interessado no coração da mulher do que no mero rito de “submissão”. Submissão sem respeito é como obediência sem honra. Vemos isso claramente na criação de nossos filhos. Se não atingirmos o coração da criança, produzimos hipocrisia. A mulher que “submete-se” “de boca pra fora” ainda não compreendeu a vontade de Deus para seu lar. Nesse caso, seria como uma dobradiça que está alinhada, mas que sempre xia, irritando todos ao redor.
Efésios 5:33 resume toda a discussão sobre o papel da mulher com a palavra “respeito”. Da mesma forma como a igreja deve ser submissa a Cristo, a esposa deve se submeter ao seu marido, com essa atitude de coração chamada “respeito”. A palavra original traz a ideia de “temor”, não no sentido de ficar encurvada e temerosa diante do marido, mas num relacionamento intimo de honra e consideração, assim como na frase “o temor do Senhor”.
1 Pedro 3:1-6 também reflete esse aspecto interior de submissão. Deus valoriza o espírito manso e tranqüilo da mulher, especialmente no relacionamento submisso diante de um marido que, humanamente falando, talvez não mereça tanto respeito. O respeito não é necessariamente porque o marido é digno, mas pelo fato de que Deus o constituiu como líder do lar. Não é respeito tanto pela pessoa mas, sim, pela posição dada por Deus. Essa é a mesma posição bíblica quanto à submissão do cristão diante das autoridades políticas, sejam justas ou injustas, por serem estabelecidas por Deus.
Certamente a mulher precisa traçar um limite quando o marido exige algo contrário à Palavra. Mas precisa também verificar com muito cuidado que não haja uma opção criativa para não ter que desobedecer a Deus nem o marido.
Submissão bíblica requer uma obra sobrenatural no coração da mulher
O último toque do Artista acrescenta a ideia de submissão “como convém no Senhor” (Cl 3:18). A frase lembra-nos de que o padrão é celestial. Temos que admitir que tudo que Deus pede para relacionamentos saudáveis no lar está fora da nossa capacidade natural. A mulher não submete-se ao marido naturalmente e espontaneamente. Da mesma forma, como veremos depois, a natureza do homem não é de amar sacrificalmente sua esposa, mas de explorá-la e usá-la para seus próprios fins egoístas.
Desde a queda a tendência da mulher tem sido tentar superar o marido, não sendo “auxiliadora idônea”, que complementa-o, mas alguém que compete com ele. Então, se a tendência natural da mulher é de resistir a liderança do marido, e se a tendência natural do homem é de subjugar a mulher, como podemos voltar ao padrão bíblico de complementação, harmonia, e paz no lar? A resposta está no poder sobrenatural e espiritual vindo como fruto da obra de Cristo na cruz. Em Cristo, as tendências velhas foram vencidas e tudo se fez novo. Efésios 5:18, que antecede o ensino paulino sobre relacionamentos saudáveis no lar, nos lembra de que uma vida controlada pelo Espirito Santo verte o quadro criado pela Queda. Essa é a única esperança para o lar–uma obra sobrenatural em que a vida de Cristo está sendo reproduzida dia após dia na vida tanto do homem como da mulher. Esse retrato é mais valioso que qualquer pintura misteriosa por da Vinci ou outro artista famoso. É a pintura do Artista divino.