Com 25 de dezembro aproximando-se rapidamente, a mídia secular certamente voltará seu interesse para o nascimento virginal de Jesus. Como em todos os natais, os jornais semanais e vários editoriais se envolvem numa luta para demonstrar que tantos americanos poderiam acreditar em uma doutrina não científica e sobrenatural. Para alguns, a crença de que Jesus Cristo nasceu de uma virgem é nada menos do que a prova da nossa escuridão intelectual. Um escritor do New York Times expressou claramente esse lamento: “A crença no nascimento virginal reflete a maneira como o cristianismo americano está se tornando menos intelectual e mais místico ao longo do tempo”.
Mas a crença no nascimento virginal de Jesus torna os cristãos “menos intelectuais?” Nós estamos realmente presos a uma “doutrina insustentável”? É possível ser um verdadeiro cristão e negar o nascimento virginal, ou esta doutrina é um componente essencial do Evangelho que nos foi revelado nas Escrituras?
A doutrina do nascimento virginal foi uma das primeiras a ser questionada e depois rejeitada após o surgimento do criticismo histórico, e a minar a autoridade bíblica logo em seguida. Os críticos alegaram que, uma vez que a doutrina é ensinada em “apenas” dois dos quatro Evangelhos, ele deve ser opcional. O apóstolo Paulo, eles argumentaram, não mencionou isso em seus sermões em Atos, então ele não deve ter acreditado. Além disso, argumentaram os críticos, a doutrina é muito sobrenatural. Os hereges modernos, como o bispo episcopal aposentado John Shelby Spong, argumentam que a doutrina era apenas evidência do excesso de reivindicação da divindade de Cristo pela igreja primitiva. Para Spong, o nascimento virginal de Jesus é o “mito da entrada”, para desencadear na ressurreição, o “mito de saída”. Eu gostaria que Spong fosse um mito.
Agora, mesmo alguns evangélicos revisionistas afirmam que a crença no nascimento virginal é desnecessária. O significado do milagre é duradouro, argumentam, mas a verdade histórica da doutrina não é importante.
Devemos acreditar no nascimento virginal para sermos cristãos? É concebível que alguém venha a Cristo e confie nele como Salvador, sem ter ainda aprendido na Bíblia que Jesus nasceu de uma virgem. É possível que um novo crente ainda não conheça a estrutura completa da verdade cristã. Mas a verdadeira questão é esta: um cristão, uma vez ciente dos ensinamentos da Bíblia, pode rejeitar a doutrina do nascimento virginal? A resposta é não.
Mateus nos diz que, antes de Maria e José “se unirem”, Maria “foi achada grávida pelo Espírito Santo” (Mt. 1:18). Isto, Mateus explica, foi para cumprir o que Isaías prometeu: “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz a um filho, e ele será chamado Emanuel”, o que traduzido é “Deus conosco”. (Mt. 1:23, Isaías 9: 6-7)
Lucas fornece detalhes ainda maiores, revelando que Maria foi visitada por um anjo que lhe explicou como, embora virgem, ela levaria o filho divino em seu ventre: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo te cobrirá; e por isso o Filho que será gerado será o Filho de Deus “(Lucas 1:35).
Mesmo que o nascimento virginal fosse ensinado por uma única passagem bíblica, isso seria suficiente para obrigar todos os cristãos a acreditarem na doutrina. Não temos o direito de pesar a veracidade dos ensinamentos bíblicos pela repetição nas Escrituras. Não podemos pretender acreditar que a Bíblia é a Palavra de Deus e, em seguida, dar uma volta e lançar suspeitas em seus ensinamentos.
Millard Erickson afirma isso: “Se não mantivermos nossa crença no nascimento virginal, embora a Bíblia assim o afirme, então comprometeremos a autoridade da Bíblia e não haverá, em princípio, nenhuma razão pela qual devamos manter seus outros ensinos. Assim, rejeitar o nascimento virginal tem implicações que vão muito além da própria doutrina”.
Implicações, na verdade. Se Jesus não nasceu de uma virgem, quem era o pai dele? Não há resposta que deixe o Evangelho intacto. O nascimento virginal explica como Cristo poderia ser Deus e homem, como Ele estava sem pecado e que toda a obra de salvação é o ato gracioso de Deus. Se Jesus não tivesse nascido de uma virgem, então ele teria tido um pai humano. Se Jesus não nasceu de uma virgem, então o que a Bíblia ensina não passa de uma mentira.
Carl FH Henry, o decano dos teólogos evangélicos, argumenta que o nascimento virginal é a “indicação essencial e histórica de que a encarnação traz não apenas uma analogia com a natureza divina e humana do Verbo Encarnado, mas também traz a natureza, o propósito, e o suporte desta obra de Deus para a salvação “. Bem dito, e bem crido.
Os editores secularistas das revistas e jornais podem achar que a crença na conscepção virginal é evidência de atraso intelectual entre os cristãos americanos. Mas esta é a fé da igreja, estabelecida na Palavra perfeita de Deus e apreciada pela verdadeira igreja ao longo dos tempos. Aqueles que negam o nascimento virginal afirmam outras doutrinas apenas pela força do capricho, pois já negaram a autoridade da Escritura. Eles prejudicaram a natureza de Cristo e anularam a encarnação.
Os cristãos devem enfrentar o fato de que uma negação do nascimento virginal é uma negação de Jesus como o Cristo. O Salvador que morreu por nossos pecados não era outro senão o bebê que foi concebido pelo Espírito Santo, e nascido de uma virgem. O nascimento virginal não é uma doutrina bíblica solitária; ela é uma parte irredutível da revelação bíblica sobre a pessoa e a obra de Jesus Cristo. Por ela, o Evangelho permanece de pé ou cai.
Tudo o que sabemos: que todos aqueles que encontrarem a salvação, serão salvos pela obra expiatória de Jesus Cristo, o virginal Salvador. Qualquer coisa menos do que isso não é cristianismo, independente de como possa chamar a si mesmo. Um cristão verdadeiro não negará o nascimento virginal.
Por Albert Mohler, no site Ligonier. Tradução: Léo Gonçalves
Título original: “Must Christians Believe in the Virgin Birth?”